Sempre um demônio
sussurra diante do céu torvo da solidão convites ao amor. Conquanto esse vil
sentimento perjura que ao paraíso apenas ele conduz. O próprio amor não passa de sangue gotejado de mordidas
na alma que não saram mais... Açoite reiterado que só o ermo coração e a distância
no tempo reduz.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Amor das Almas
Mesmo estando juntos, garantidos pela respiração fosca do teu sonho, não és de todo minha nem em sono. Porque o onírico vaza e se escoa na penumbra, romance atemporal, perpétuas rugas sentimentais. Frear tais invisibilidades é como podar flores imaginárias ou enforcar a humana alma livre do pensar e do amar.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Palco
Esse riso fácil que sustento não é meu. Eu tenho uma música lúgubre dentro de mim. Estatelo-me ao solo a guisa de aprovação e gargalhada. E no retraído lambo as feridas purulentas do meu ser. Loquaz no púlpito da glória. E mudo na sacristia da minha alma. Fausto das gôndolas mercantes. Mesquinho nas tramas íntimas. Hoje, como sempre; e eu, como tantos... Ganho o mundo perdendo alguma coisa ingênua em mim... Que sempre volta com mais força.
sábado, 17 de janeiro de 2009
Última Gota
Como estivesse vestido para uma noite de amor morrerei. Serenamente sumirei pelas espumas ou de súbito ceifado. Inconformado e violento. Sabendo que todas as madrugadas foram minhas. E todas as lágrimas vertidas. E todas as ânsias. Todo o êxtase. Alternância de dor como sucedânea do gozo, e o inverso disso. Porque nunca desisto de nada, até a última gota de mim.
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
João
Numa passagem de estrada perdi metade do meu coração. Daí pra diante penso e repenso cada milésimo de segundo imutável. Quem me reporá tanta ausência? Uma conversa, um conselho, mais uma mesa farta e todas as rodadas de generosidades... Hoje tu és o espalhar de encantamento e lembranças diárias. Porque me restou uma angústia cada vez mais mouca, turbilhão de dúvidas e a única certeza: o nosso reencontro na longa noite da eterna boêmia.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Re-composto
Apenas tenho o ímpeto acuado por sentimento
Num mundo de impulsos e premonições perdidas.
Por tal, nenhuma atroz rotina me pára.
Nenhuma peça do destino ingrato me sufoca.
Porque meu ponto forte
É o fio implacável entre o amor causado
E a cruenta decepção que me põe sofrido.
É no repetido furar da face na transfiguração da dor sem freio
Que me volto recomposto.
Apenas tenho o ímpeto acuado por sentimento
Num mundo de impulsos e premonições perdidas.
Por tal, nenhuma atroz rotina me pára.
Nenhuma peça do destino ingrato me sufoca.
Porque meu ponto forte
É o fio implacável entre o amor causado
E a cruenta decepção que me põe sofrido.
É no repetido furar da face na transfiguração da dor sem freio
Que me volto recomposto.
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